Nas últimas semanas a questão do aborto apareceu nos noticiários e entrou na disputa presidencial. Enfim, a Dilma fez declaração se comprometendo a não sancionar leis que fossem de encontro a questões religiosas como a contrariedade a legalização do aborto. (A Dilma pra quem não sabe, é a candidata do PT, a ministra de Lula, aquela mesma que o pessoal anda comentando que é terrorista e comedora de criancinhas)
Então, pensei como todo bom primata. Não estamos mais falando de um Estado laico. Até que ponto chegamos?! Um candidato a presidente tem de declarar publicamente partido por questões religiosas e se comprometer a não legislar sobre assuntos religiosos só por causa de votos? Se bem que os votos são importantes. Mas o problema está no comprometimento de não interferir em assuntos religiosos. O Estado talvez tenha deixado de ser laico nesse momento.
Mas apesar do Estado ser laico, todo bom primata sabe que a religião ainda mantém influência significativa em parcela da população. E ela é mais uma ideologia a fazer pressão nos governantes. De fato não adianta esconder o sol com a peneira, a religião existe, as pessoas acreditam em alguma coisa e isso tem grande influência nas decisões políticas sim, apesar do Estado ser considerado laico.
Assim, podemos pensar um pouco. Por que existem religiões? Como sabemos todo primata é um ser vivo e todo ser vivo morre um dia, logo todo primata morre um dia. É a morte, essa velha conhecida de quem é vivo, que um dia chega para todos. Ela mesma faz que as religiões existam. Qual o sentido de ter religião se todos os primatas fossem imortais. Não teria nenhuma graça. Sem um céu e um inferno para ir depois, a moralidade dos primatas seria bem diferente, só para pegar um exemplo de uma religião maniqueísta.
Estudos recentes já registraram que primatas não-humanos têm alguma noção da morte. Em um deles bem recente deste ano publicado na Cell, “Pan´s Tanatology”, uma primata de chimpanzé demonstra cuidado com um cadáver de filhote que antes era arremessado por infantes. Outro estudo, se não me engano, documentou a “fala” por gestos de sinais de um primata quando indagado sobre situação equivalente a morte e esse deu a entender que entendia a morte no sentido de ausência, esse relato vem no livro do Franz de Waal, “Eu, Primata”.
E aqui na república tropical das bananas o assunto do aborto (que também tem haver com morte) ainda está na mídia. E com certeza deve ter mudado o voto de muita gente na sucessão presidencial ao ponto da candidata Dilma fazer tal declaração de evitar legislar em assuntos religiosos.
E viva a democracia na república tropical das bananas! Viva!